21 de jan. de 2014

Poseidon

Chama-me o mar
na calada da noite
Um convite ao abraço
um convite ao amar

8 de out. de 2013

Blackened Blues

Em um certo momento colocou um ponto, uma pedra, um fim.
Já havia tentado por um lado e pelo outro, sem sucesso. Essa palavra maldita, sucesso.
Disseram que seria no amor que encontraria, mas não estava. Amou muito, amou pouco, às vezes também mal era amor. Mas não estava lá.
Alguns outros disseram estar em outros tempos, tempos passados. Buscou o passado, mas só achou o tal qual, passado. O que foi não é, e não estava lá também.
Olhou-se no espelho, e pensou estar dentro, escondido. Procurou, cavou tanto que os dedos sangravam tanto quanto o buraco que havia feito. Mas não, não estava lá.
Concluiu que não existia, por isso nunca estava lá.
Então colocou um ponto, uma pedra, um fim.
Um fim ao inexistente.
Memórias são cicatrizes da mente.

10 de jul. de 2013

Cicatrizes

E tudo parece claro como a névoa
O orvalho queima a manhã por vir
Trazendo a marca do que se foi
E a certeza de que ela também irá

11 de jun. de 2013

Eu tenho a ânsia dos que não tem amanhã
E o amor dos que já não tem muito mais para amar

5 de jun. de 2013

Clausula Pétria

Eu poderia fazer juras de amor
Em vão
Pois o sentimento não jazia lá
Na verdade jazia Decrépito
Sem vida

29 de mai. de 2013

Desejo

Era uma tristeza da resignação de quem se sabia condenada. Não havia escapatória. O tipo de tristeza que não significa nada, que não vem de nada nem leva a nada. É a tristeza do sonho realizado, do objetivo alcançado. A morte, por muitas vezes, é mais esperada que a própria vida. 

27 de mai. de 2013

Repto

Me julgue.
Me condene.
Me amarre e me prive.
Me alongue até que as amarras se desfaçam.
Me destrua.
Me desconstrua.
Tente.

24 de mai. de 2013

O cheiro da espada é o mesmo que o do sangue.

O prédio era grande, desses tão bipartidos e confusos que somente em um andar já era possível se perder. Inúmeros elevadores, apesar do pouco acesso à saída. No ultimo andar, uma mansão de um não-sei-quem simpático, colecionava objetos estranhos. Não se importou que eu ficasse com algum deles, mas não que eu houvesse pedido também.

Eu não sabia exatamente como havia chegado ali, isso nunca foi muito claro. Eu também não sabia como iria sair, e ai que residia o problema. O lógico seria simplesmente que um dos elevadores me levasse ao térreo, ou ao menos a algum átrio. Não levava. Sair dali era uma tarefa quase impossível, e, apesar da simpatia do anfitrião, dos itens roubados ou das circunstancias em si mesmas, eu nunca desejei estar ali, então a vontade de liberdade era latente. Liberdade não seria bem a palavra, afinal, não estava acorrentada ou mantida como cativa, eu só ingenuamente não sabia como me transportar para o lado de fora, para o mundo onde eu conhecia os caminhos.

Por uma ventura consegui ao menos sair da mansão, o que já era um grande feito. Os outros andares não eram menos estranhos que o meu de minha visita prévia, mas eram mais fáceis de circular. Apesar do número impressionante de pessoas que circulavam por ali, havia ar. E ar significava uma coisa: janelas. Claro que a associação óbvia não veio de imediato, e depois de algum tempo que eu percebi que, para sair dali, a obviedade do ar seguiria a mesma, eu teria de pular. Então eu pulei.

O estranho de se pular assim é não saber exatamente como você chegará ao chão. Ou se há chão. É daqueles atos de desespero que pedem medidas extremas. E medidas extremas foram tomadas. O fato é que eu havia pulado, e isso não tinha mais como ser alterado. Por fim, cai em algo molhado. E frio, muito frio. Por um momento pensei que fosse o mar, mas não havia ondas, a água era doce. Ou ao menos o líquido que me cercava era doce, não havia a certeza de que aquilo era água.

Eu havia saído, mas a ingenuidade havia me tomado uma outra vez, e o que outrora parecia a solução, na verdade era o inicio dos conflitos...

22 de mai. de 2013

Ol'ie

Eu sinto sua falta.
Tá ficando insustentável essa saudade.